Quando comecei a viajar, eu queria ver tudo de uma vez: corria de uma atração pra outra, fazia checklists infinitos e voltava pra casa mais cansada do que quando saí. Até que descobri o slow travel… e minha forma de conhecer o mundo mudou completamente.
O conceito de viagem slow travel na Europa é simples: ir com calma, se conectar de verdade com cada cidade, provar a gastronomia com tranquilidade, conversar com moradores e aproveitar a cultura local. Nada de correria ou roteiro lotado. Parece um sonho? É, mas é totalmente possível.
Neste guia, vou te mostrar o que é esse movimento, seus benefícios, destinos ideais e dicas práticas para montar um roteiro cultural na Europa que seja inesquecível. Bora desacelerar?
O que é slow travel e por que essa tendência está crescendo?
O slow travel é mais que um jeito de viajar, é uma filosofia de vida. A ideia é trocar a pressa por profundidade: ficar mais tempo em menos lugares, ter tempo para conversar com as pessoas, fazer compras no mercado local, participar de festivais, sentar num café sem olhar o relógio.
Esse estilo ganhou força especialmente depois da pandemia, quando muita gente percebeu que viajar correndo não fazia sentido. Hoje, o turismo slow na Europa está em alta, com cada vez mais roteiros pensados para quem quer viver a cidade e não apenas visitá-la.


Quais os benefícios de viajar devagar pela Europa?
Viajar devagar traz uma série de vantagens. Confira as principais!
Conexão real com o destino
Viajando com calma, você percebe detalhes que passam batido numa viagem rápida.
Menos estresse
Sem correria, sem mala arrastada todos os dias, sem filas intermináveis.
Economia inteligente
Ficar mais tempo no mesmo lugar significa gastar menos com transporte e até conseguir descontos em hospedagem.
Viagem mais sustentável
Menos deslocamentos significa menor impacto ambiental.
E, pra mim, a maior vantagem é voltar pra casa com histórias e não só fotos. Você lembra das conversas, dos cheiros, das pequenas descobertas.


Como escolher destinos ideais para um roteiro slow travel na Europa?
O primeiro passo é escolher destinos que combinem com essa proposta. Cidades muito grandes e cheias de atrações podem ser desafiadoras, mas não impossíveis. Basta ficar mais dias.
Algumas ideias:
- vilarejos charmosos ou regiões rurais, como a Provence na França ou os Cotswolds na Inglaterra;
- cidades médias cheias de cultura, como Florença na Itália ou Bruges na Bélgica;
- regiões com natureza marcante, como as Highlands na Escócia.
A dica é priorizar lugares onde dá pra fazer tudo a pé, ter mercados locais e aproveitar experiências culturais autênticas.


Quantos dias ficar em cada lugar? Como definir o ritmo da viagem?
No slow travel, o ideal é ficar pelo menos 4 a 7 dias em cada cidade ou região. Isso permite explorar com calma, fazer passeios de um dia pelos arredores, ter dias livres e, quem sabe, repetir um lugar que você amou.
Outra dica é limitar os deslocamentos: em vez de atravessar três países em dez dias, escolha uma região menor e explore bem. Por exemplo, em vez de “Europa em 15 dias”, que tal Itália em 15 dias, focando em Toscana, Florença e Cinque Terre?


Quais são as atividades imperdíveis para um roteiro slow travel?
No slow travel, as experiências valem mais que a quantidade de pontos turísticos. Algumas ideias que sempre adoro:
- fazer um piquenique em um parque local;
- participar de uma aula de culinária ou vinho;
- visitar feiras e mercados de bairro;
- fazer caminhadas urbanas sem rumo, só pra sentir a cidade;
- passar um dia em um café escrevendo ou desenhando.
Essas pequenas vivências transformam a viagem e criam memórias que vão muito além do “já fui lá”.


Quais são os principais exemplos de roteiros slow travel na Europa?
Aqui vão algumas regiões que combinam perfeitamente com essa proposta!
Toscana (Itália)
Imagine dirigir entre vinhedos e campos de girassóis, parando em vilarejos medievais como Montepulciano, San Gimignano e Pienza. Cada cidade tem seu ritmo próprio, um vinho local e uma praça onde o tempo parece desacelerar.
O ideal é escolher uma base, como Siena ou Lucca, e fazer passeios curtos pelo interior, conhecendo produtores de vinho em Montalcino (terra do Brunello) ou participando de uma aula de culinária com uma nonna.
Em Florença, o berço do Renascimento, vale se perder entre obras de Michelangelo e Botticelli, enquanto Pisa convida a tirar a clássica foto com a torre inclinada. Já nas colinas de Chianti, as estradinhas cercadas de ciprestes parecem saídas de um filme. E, se sobrar tempo, explore a região de Val d’Orcia — Patrimônio Mundial da Unesco — com seus mirantes e pores do sol alaranjados que resumem a essência da Toscana.
Confira o meu roteiro na Toscana completinho com os melhores lugares! No vídeo abaixo, mostro as melhores atrações de Florença, clique para assistir:
Provence (França)
De Aix-en-Provence a Gordes, passando por Roussillon e Saint-Rémy-de-Provence, o cenário é um convite pra caminhar sem pressa, visitar feiras de rua e sentar em cafés à sombra das oliveiras.
Durante o verão (junho e julho), os campos de lavanda em Valensole e Sault ficam no auge da floração. Mas fora dessa época, a região continua encantadora, com mercados provençais, vinícolas e museus de arte.
Em Avignon, antiga sede papal, as muralhas e o Palácio dos Papas revelam séculos de história. Em L’Isle-sur-la-Sorgue, os canais e antiquários dão um charme irresistível. E para quem ama arte, a pequena Arles, onde Van Gogh viveu e pintou, mistura ruínas romanas com galerias modernas. Cada vilarejo da Provence tem um ritmo próprio e uma luz que parece feita pra fotografia.


Würzburg até Füssen (Alemanha)
A famosa Rota Romântica é um clássico pra quem ama paisagens, castelos e história. São cerca de 350 km de estrada entre Würzburg e Füssen, passando por vilarejos medievais como Rothenburg ob der Tauber, Dinkelsbühl e Nördlingen todos com muralhas e casinhas de enxaimel que parecem de contos de fadas.
O ponto final é Füssen, onde fica o Castelo de Neuschwanstein, inspiração da Disney. O trajeto é lindo o ano todo, mas especialmente na primavera e no outono, quando as cores das árvores tornam tudo ainda mais mágico. Mas atenção, precisa comprar o ingresso com antecedência! Compre o ingresso para o Neuschwanstein aqui!
Ao longo do caminho, vale fazer paradas em Augsburg, uma das cidades mais antigas da Alemanha, e Landsberg am Lech, com sua praça à beira do rio e clima acolhedor. Em Würzburg, o palácio Residenz é um espetáculo barroco que abre com estilo a jornada. E entre uma parada e outra, há sempre cervejarias locais, jardins floridos e muita torta de maçã pra adoçar o caminho.
Visitei o castelo de Neuwschwanstein recentemente, clique no vídeo abaixo pra saber mais!
Cotswolds (Inglaterra)
Poucos lugares representam tão bem o espírito slow travel quanto os Cotswolds. Essa região do interior inglês é feita de vilarejos, colinas e pubs. Daqueles que abraçam, sabe? Sem bagunça, um clima bem bucólico!
Cidades como Bibury, Bourton-on-the-Water, Stow-on-the-Wold e Castle Combe são ideais pra explorar de carro ou de bicicleta. Cada uma tem sua personalidade: uma com lojinhas de artesanato, outra com trilhas às margens do rio, todas com aquele ar de filme britânico.
Em Broadway, o charme das casinhas de pedra dourada se mistura a galerias de arte e cafeterias acolhedoras. Já em Chipping Campden, o mercado coberto do século XVII ainda pulsa com vida local. Pra quem ama natureza, as trilhas que cruzam o Cotswold Way levam a colinas com vistas incríveis, perfeitas pra um piquenique entre ovelhas e horizontes infinitos.
Caso você tenha apenas um dia para aproveitar as Cotswolds, vale a pena dar uma olhada neste tour sando de Londres.
Leia mais aqui: Rota secreta: 8 cidades na Inglaterra que você precisa conhecer!


Wild Atlantic Way (Irlanda)
A Wild Atlantic Way é uma das rotas costeiras mais cênicas do mundo, com mais de 2.500 km de paisagens selvagens, falésias e vilarejos de pescadores. Você pode fazer apenas um trecho. O mais popular vai de Galway a Dingle.


Em Cliffs of Moher, as falésias gigantes mergulham no Atlântico. Em Doolin, a música tradicional irlandesa embala as noites de pub e em Dingle, as ovelhas dividem espaço com surfistas e artistas locais. Parece uma viagem no tempo!
Mais ao norte, a península de Connemara mistura montanhas, lagos e casinhas isoladas — um paraíso pra quem busca silêncio. Já na região de Donegal, o cenário é ainda mais selvagem, com praias desertas e trilhas entre penhascos. E se quiser algo cinematográfico, dirija até o Ring of Kerry, onde a estrada costeira revela vilarejos coloridos e paisagens que parecem pintadas à mão.
Veja mais sobre os Cliffs of Moher no vídeo abaixo, clique para assistir!
Esses são só alguns exemplos, mas a verdade é que você pode aplicar o slow travel em praticamente qualquer lugar da Europa.
E as dicas práticas para planejar sua viagem slow travel?
Não posso me despedir de você sem trazer algumas dicas, né? Confira as mais importantes:
- defina prioridades: escolha o que realmente importa pra você e deixe espaço para improvisar;
- reserve hospedagens centrais e confortáveis: assim você aproveita a cidade a pé e tem um “porto seguro” para dias mais tranquilos;
- pesquise eventos locais: festivais, feiras e mercados de temporada são a cara do slow travel;
- leve menos bagagem: com menos deslocamentos, uma mala compacta é suficiente;
- use transporte público e trens regionais: eles são práticos, econômicos e sustentáveis.
E, claro, aceite que a graça está em não ter pressa. Se você amar um café e quiser voltar três vezes na mesma semana, isso também é viajar.


Como você viu, adotar o slow travel na Europa é uma escolha que muda a forma de viajar: mais consciência, mais presença e mais conexão com cada destino. Em vez de colecionar carimbos no passaporte, você coleciona memórias reais, sabores e encontros.
Se você quer se inspirar ainda mais, convido você a visitar o canal do YouTube da Apure Guria, onde compartilho roteiros culturais, experiências slow e dicas pra aproveitar cada segundo sem correria. Viajar sem pressa é viajar de verdade. Bora começar a planejar?



