Uma das perguntas que tenho recebido é Quando será seguro viajar de novo? A viagem após a pandemia coronavírus é esperada por tanta gente. O setor de Turismo foi um dos mais atingidos pela pandemia do coronavírus e infelizmente isso vai impactar as viagens de 2020, 2021 e até mais. Muita gente teve que adiar ou mudar a data da sua viagem. Companhias aéreas sem voos programados, cruzeiros parados, hotéis obrigados a fechar e muita gente desempregada.
A verdade é que o coronavírus deixou o mundo de ponta cabeça e mudou futuro do turismo, da economia, da saúde e a forma como vivemos. Como será o mundo após a pandemia? Haverá pontos positivos e negativos neste artigo, então vou tentar englobar vários fatores. Como a pandemia ainda está acontecendo, esse artigo será atualizado frequentemente. Você também pode assistir o vídeo sobre Viagem após a pandemia
Viagem após a pandemia coronavírus: o que você precisa saber antes de reservar
Índice do Artigo
A resposta para “quando será seguro viajar?” não é simples, há inúmeros fatores a serem considerados e pretendo explorar os que achei mais interessantes a fim de te ajudar a tomar essa decisão de viajar, ou não, após a pandemia do coronavírus.
Confira mais informações no vídeo abaixo “O mundo após a pandemia”
Consequências da epidemia no Turismo
Estima-se que são mais de 75 milhões de desempregados do setor no mundo todo, ou seja, 1 milhão de empregos perdidos por dia, segundo o World Travel and Tourism Council. Muitas companhias quebraram como empresas aéreas, hoteis, agências de turismo porque não possuem recursos para se manter em pé todo esse tempo.
Para você ter ideia, os analistas RBC Capital Markets reduziram a lucratividade da Expedia, uma das maiores empresas no ramo de Turismo, e estimaram que sofreram uma perda de US $ 57 milhões. Em comparação, no mesmo trimestre de 2019, eles lucraram US $ 176 milhões. Nos próximos meses, a perda será ainda maior se os surtos continuarem.
Para tentar contornar o prejuízo, várias agências estão vendendo pacotes para o fim do ou ano ou para 2021 como forma de manter o fluxo do caixa, porém, para o cliente, é um risco. Os pacotes são tentadores com ofertas do Brasil para a Tailândia por menos de 2 mil reais. Mas, como não sabemos a extensão e nem a duração da pandemia, não há certeza se haverá voos ou se o hotel reservado e a empresa que vendeu os pacotes ainda existirão. Além disso, até os países de conexão desse voo poderão estar fechados.
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Se você tem muito dinheiro sobrando, pode até arriscar, desde que leia as letras minúsculas do contrato e tenha flexibilidade nas datas. Se não tiver dinheiro sobrando, eu não recomendo, justamente porque você pode precisar desse dinheiro no futuro.
Está tendo uma RECESSÃO ECONÔMICA em todo o mundo e não tem como prever como ficará a situação. O Reino Unido teve uma retração de 20% neste trimestre em relação ao ano passado e a previsão é que não se recupere até 2024.
Por essa razão, sugiro ler este artigo todo antes de tomar uma decisão de quando será seguro para viajar de novo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia mundial encolheria em seu ritmo mais rápido em décadas, aumentando o medo de que seja a pior recessão desde a Grande Depressão dos anos 30 como diz esse artigo da BBC.
As minhas previsões sobre viagem após a pandemia do coronavírus
Esses são pontos que achei relevante destacar nesse artigo Quando será seguro para viajar de novo para planejar ou não uma viagem após a pandemia do coronavírus.
1 – Abertura de fronteiras e mudanças no aeroporto
Enquanto não houver um tratamento ou vacina, os países não abrirão suas fronteiras totalmente e manterão o isolamento social. Ninguém quer uma segunda onda de contaminação e ter novamente seu sistema de saúde lotado.
Já está tendo uma fiscalização nos aeroportos com escanner de temperatura e quem sabe no futuro criem até um documento que prove que você não tem o coronavírus no seu corpo. Um certificado de vacinação internacional como o da febre amarela.
Os países estão tendo um controle maior de quem adentra suas fronteiras e pode ser que viajantes de países ainda em surto estarão proibidos de entrar. O Brasil está nessa lista devido a incerteza dos dados divulgados e a forma como o governo está lidando com a situação. Muitos exigem que os passageiros preencham um formulário com perguntas:
- se teve febre nas últimas 48 horas
- se teve contato com alguém com coronavírus
- se esteve em um país com % de contágio alta
- confirmar que irá realizar a quarentena de 14 dias
Além disso, a higiene pública está tendo uma atenção redobrada no aeroporto e dentro dos aviões. Durante os surtos já houve maior frequência de limpeza pesada nas aeronaves e continuarão assim. Mais pessoas estão cientes que devem lavar as mãos (não é porque tá na Europa que todo mundo é limpinho não hahaha). Alguns mercados e lojas já adotam essas práticas, assim como os hotéis e pousadas.
Confira os cuidados e riscos ao viajar de avião durante a pandemia.
Várias empresas aéreas não irão operar totalmente por algum tempo, como é o caso da Air New Zealand que irá manter todos os seus 777s no chão.
Atualização 21 de setembro: brasileiros com entrada negada (ainda)
Como eu havia previsto, o Brasil está na lista de Restrição Temporária para viagens não essenciais. A União Europeia irá seguir alguns parâmetros da situação epidemiológica do país para permitir ou não a entrada de viajantes do exterior baseados em:
- número de novas infecções no país
- se a pandemia está expandindo ou se foi controlada
- políticas de combate ao vírus (testes, rastreamentos e medidas de prevenção)
Essa restrição deve ser levantada assim que a situação no Brasil melhorar… e pode mudar se piorar novamente.
2 – Redução nas viagens internacionais
Cada país da Europa tem uma lista de países seguros, ou seja, só aceitam passageiros com origem destes países e essa lista pode mudar a qualquer momento. Uma Viagem após a pandemia vai demorar para acontecer por causa dessa incerteza. Até a própria Ursula von der Leyen, presidente da Comissão da União Europeia, recomendou não fazer planos de viagem de verão (que aqui na Europa é de Junho a Agosto).
Vários países da Europa já abriram suas fronteiras para certos países vizinhos no dia 15 de junho como a Itália, Irlanda, Alemanha… No site da IATA você encontra um mapa com as restrições de viagem impostas pelos países em todo mundo, incluindo a exigência ou não de quarentena. O próprio governo de cada país europeu recomenda seus cidadãos a evitar qualquer viagem não essencial fora do continente.
Como vários países estão testando a saída da quarentena, é impossível prever se os aeroportos estarão recebendo voos do Brasil. Isso porque cada país vai abrir e fechar várias vezes para evitar a recontaminação, como a China, Nova Zelândia e o Reino Unido estão fazendo. Pode ser que o país destino estará aberto, mas não se sabe se o país de CONEXÃO também estará. Por conta disso, haverá mudanças no trajeto e que deverão ser arcadas pelas companhias aéreas.
Outra coisa é que grandes eventos foram cancelados, como as Olimpíadas e a Oktoberfest de Munique foi cancelada, como eu havia previsto.
Criação de corredores seguros na Europa
A União Europeia fez diversos acordos entre os países membros e estabeleceu “corredores seguros”: países que seus cidadãos possam visitar sem necessidade de fazer quarentena na chegada ou no retorno já que o nível de contaminação é semelhante. Isso varia de país para país, então precisa conferir a situação antes de comprar a passagem. Em alguns lugares é necessário preencher um formulário, fazer testes e até o país pode pagar os seus gastos. Fiz uma lista para quem quem mora na Europa sobre os países mais seguros na Europa para viajar após a pandemia.
É importante observar que mudanças podem acontecer a qualquer momento. O Reino Unido declarou quarentena obrigatória para quem volta da Espanha no fim de julho, aí depois inclui França, Mônaco, Malta, Holanda, Aruba… Ou seja, quem viajou esperando não precisar fazer a quarentena, terá que ficar em casa ao retornar, sem falar nas filas gigantes para passar pelo Eurotúnel da França para a Inglaterra.
A Nova Zelândia ficou livre do corona vírus por 100 dias até entrar viajantes contaminados. Aí fecharam a principal cidade por 15 dias para evitar a disseminação e está com 96 casos novos. Além disso, quem desembarca na NZ é obrigado a desembolsar 3100 dólares para pagar pelos gastos de hotel e acomodação e são vigiados por guardas 24h por dia.
3 – Viagens locais valorizadas
Com a saída da quarentena, muita gente prefere viajar localmente, seja para cidades ou estados próximos de onde vive. Essa é hora de conhecer a própria história e pontos turísticos da sua região como parques, cachoeiras… As pessoas optam por viajar de carro pela praticidade e segurança.
A Inglaterra já está na fase 3, na qual tudo está funcionando normalmente e o uso da máscara só é obrigatório em lugares fechados. Leia mais sobre Coronavírus na Inglaterra.
Nós fizemos algumas viagens pela Inglaterra e a nossa impressão é que NÃO ESTÃO LEVANDO A SÉRIO AQUI TAMBÉM. Pouca gente usando máscara e muita aglomeração, especialmente nas praias. No entanto, tem algumas soluções criativas e que realmente funcionaram como os corações no parque em Bristol. Leia mais em Primeiras viagens após a quarentena na Inglaterra
A Escócia foi a última do Reino Unido a reabrir suas atrações. Tudo deve ser agendado online para realizar a visitação, mesmo em museus e galerias nas quais não é cobrado entrada. Castelos também funcionam desta forma, só entra quem comprou o ingresso com antecedência. Não tem como visitar sem ter horário certinho e é necessário usar álcool em gel e máscara nas atrações fechadas. Escolhi a Escócia pois tem muita natureza e lugares abertos, sem falar que foi teve muito menos casos do que na Inglaterra. Escrevi mais dicas no artigo Highlands na Escócia.
Atualização 21 de setembro: Os casos subiram novamente no Reino Unido e já dizem que estamos passando pela segunda onda. No entanto, não estão planejando fazer quarentenas nacionais, apenas locais como no norte da Inglaterra por exemplo. Há especulações para fechar tudo somente no Natal já que o nível de contaminação e resfriados é maior nesta época. Leia este artigo da BBC sobre a possibilidade de haver 50 mil casos POR DIA em Outubro no UK
No Vídeo abaixo mostrando como é viajar na Inglaterra após a pandemia, clique para assistir.
Outro ponto importante: é mais barato viajar localmente. Como o turismo é considerado um luxo, viagens internacionais não estarão nos planos da maioria das pessoas. Sem falar no risco de outro surto do coronavírus ou de ficarem presos no país porque os voos foram cancelados. Vários brasileiros passaram e ainda estão vivendo essa situação, já que não é tão fácil conseguir um voo de repatriação.
Seguindo o exemplo da China, onde a pandemia começou, o número de reservas de hotéis aumentou assim que as restrições foram retiradas como mostra esse gráfico da National Geographic. Houve uma queda brusca em janeiro e uma pequena recuperação em março.
4 – Menos viagens de ônibus
Muitas empresas de ônibus foram atingidas no pós coronavírus, já que existe o medo de “se contaminar” dentro do veículo até chegar no destino final. Segundo a pesquisa do Falando em Viagem, apenas 2,1% dos entrevistados optaram por ônibus, enquanto 22,9% para carro e não havia opção de trem.
A empresa National Express, que atua no Reino Unido principalmente, adotou várias etapas de segurança para viajar de ônibus durante a pandemia:
- assentos marcados;
- desinfecção regular à base de aerosol com uma solução antiviral potente (nebulização) em assentos, corrimões, apoio de braço, banheiro e cintos de segurança;
- checagem de temperatura;
- entrada pela porta traseira do ônibus e desembarque pela dianteira;
- filtro de ar adicional para remover partículas e com radiação UVC que mata bactérias e vírus do tipo corona;
- álcool em gel está disponível na estação e no ônibus;
- o uso da máscara é obrigatório.
5 – Viagens na natureza
Depois desse confinamento em casa, diversos viajantes desejam ficar ao ar livre e eu sou uma delas. Sem falar que muitos não estão confortáveis em visitar as grandes cidades pelo risco de contaminação.
Acredito que os viajantes preferem explorar destinos abertos e naturais como:
Parques estaduais estão recebendo mais visitantes para acampar, assim como as cidades menores do interior. Hotel fazenda pode ser um destino interessante para famílias em busca de atividades na natureza.
6 – Cruzeiros ficarão parados por um bom tempo
Durante a pandemia, vários cruzeiros ficaram isolados e sem possibilidade de atracar em vários países e até tiveram contaminação em massa. Um cruzeiro é praticamente uma placa de petri para a disseminação da doença, já que ninguém pode sair e há diversas contaminações cruzadas.
O Norwegian Jewel por exemplo, que iria de Sidney à Polinésia Francesa, teve o atraco não permitido em Fiji, Nova Zelândia, Austrália (de onde tinha saído). Houve tantas mudanças no roteiro que foram desembarcar somente no Havaí.
O Diamond Princess ficou em quarentena próximo ao Japão. Havia caos e desinformação dentro do navio e pouca separação dos doentes e dos saudáveis, principalmente porque as refeições ainda eram servidas no salão principal.
Dessa forma, a indústria de cruzeiros marítimos irá reduzir e uma viagem após a pandemia em um deles não será aconselhada tão cedo.
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7 – Viagens a trabalho serão suspensas
Home Office é a realidade de muitos trabalhadores por vários meses. As pessoas se encontram e espalham o vírus, tanto no trabalho quanto em casa.
Aquelas viagens longas para fechar um acordo serão realizadas virtualmente. Acredito que as empresas preferem evitar os custos de deslocamento e hospedagem do funcionário em favor da sua segurança.
O Google já anunciou que seus funcionários ficaram em home office até julho de 2021, seguido também pelo Facebook. Provavelmente outras empresas grandes já vão seguir essa tendência. A Vodafone, a maior empresa da minha cidade e a maior de telecomunicações da Inglaterra, não volta esse ano para os escritórios.
8 – Intercâmbios serão repensados
Os estudantes também foram atingidos e várias escolas e universidades estão diversificando seus métodos para aulas online. Será uma adaptação para tempos de quarentena.
Intercâmbio escolar, universitário ou de idiomas serão deixados de lado por um tempo pois não será fácil levar um aluno do Brasil para estudar em outro país. Fronteiras e escolas fechadas podem ser fechadas novamente caso tenha algum surto.
9 – Casos de xenofobia
Uma pandemia gera xenofobia, como já vimos em diversos casos no Brasil e no mundo. Em um metrô em São Paulo, uma melhor xingou uma brasileira com traços asiáticos. No Reino Unido espancaram um aluno de intercâmbio de Cingapura.
E isso não é só de agora. Durante a Peste Negra na Europa no século 14, diversas cidades se fecharam a estrangeiros e até perseguiram, baniram e mataram moradores “indesejáveis”.
Brasileiros na África sentiram isso na pele recentemente como foi o caso da Rachel, que infelizmente morreu de malária no Quênia após abandono médico por medo do coronavírus. Um grupo de brasileiros ficou confinado dentro dos carros em um acampamento na Costa do Marfim.“Para muitos aqui, nós somos o vírus”, diz turista que integra grupo retido em quarentena.
Uma viagem após a pandemia poderá ter alguns casos assim.
10 – As viagens terão mais significado
Após tanto tempo preso dentro de casa, viajar terá um novo significado para cada viajante. Seja a possibilidade de estar em diferentes lugares ou a de de apreciar a estrada naquela viagem de carro enquanto o vento bate no rosto.
Muitos viajantes solo decidirão viajar com outras pessoas, seja amigos ou família. Pessoas que viajavam a trabalho escolherão viagens em família por exemplo. Aquelas férias que você passava em casa, serão realmente aproveitadas para uma viagem.
Conclusão O mundo após a pandemia: Quando será seguro para viajar de novo?
Após a avaliação destes pontos, acredito que em 2020 serão possíveis apenas viagens nacionais e no fim do ano. A Europa ficou fechada até junho e reabriu gradualmente para apenas alguns países com poucos casos. O Brasil está sendo um dos mais atingidos no mundo pelo coronavírus, já são mais de 100 mil mortes. É necessário estabelecer prioridades e manter a sua saúde e a dos outros.
Eu tenho sim uma visão “pessimista” mas ao mesmo tempo realista levando em conta os dados das pesquisas. É um tempo longo até o desenvolvimento de uma vacina. Mas um ano ou 18 meses é relativamente rápido se comparado às outras pandemias que demoraram muito mais tempo para passar. Além disso, não sabemos como estará a economia e principalmente o valor do real em relação ao dólar, euro, libra….
Vacinas sendo testadas até o momento
Em 2021 poderão acontecer viagens internacionais para brasileiros talvez lá por abril arriscando muito, desde que haja algum tratamento do coronavírus. As vacinas demoram para ser desenvolvidas e muitas levam em torno de 18 meses para liberação à população, pois devem passar por diversos testes. E acredito que um certificado de vacinação internacional será exigido. Por enquanto as vacinas que estão mais avançadas até agosto de 2020 são a vacina de Oxford, a chinesa e a russa. Quase uma corrida da vacina estilo Guerra Fria.
A vacina de Oxford já está na fase 3 de testes e já está sendo testada no Brasil por causa do número de casos. Leia mais na National Geographic. Muitos cientistas estão criticando a Rússia por não disponibilizar estudos suficientes sobre a vacina segundo a Nature. Realmente há um controle na produção, justamente porque muitos países vão vender a vacina.
Bem, espero que tenham gostado e escrevam o que vocês acham deste artigo e se irão fazer alguma viagem após a pandemia.
Atualização Reabertura na Europa
Alguns países já saíram da quarentena e estão adotando medidas preventivas para evitar a disseminação do coronavírus e uma segunda onda de contaminação. Falamos sobre a abertura na Inglaterra, Itália, Espanha e Suécia no vídeo ao vivo abaixo, clique para assistir
E também este sobre os países europeus mais seguros para visitar após a pandemia para quem já mora na Europa
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