No conto de hoje, meu amigo Lucas conta como foi viajar com meu melhor amigo (é meu melhor amigo também, que no caso é meu marido) por alguns dias na Europa. Toda a experiência de conviver com uma pessoa que você considera ideal para uma viagem, mas talvez nunca tenha convivido o suficiente para conhecê-la. Muita coisa pode acontecer, principalmente alguns perrengues, que irão definir a sua amizade… ou o fim dela.
Quando viajar com meu melhor amigo é uma cilada já no início
Pare um minuto e pense sobre o seu melhor amigo(a). Quem é essa pessoa? Quais as qualidades dela? Certamente é uma pessoa legal de se conviver, afinal ela é a sua melhor amiga. Alguém com quem você pode contar, conversar e dar risada nos rolês da vida, certo? Mas e se esse convívio for prolongado?
E se você tivesse que passar cada parte do seu dia ao lado dela? Essa pessoa possui manias que te dão nos nervos? Quais são? Você aguentaria ser obrigado a passar algumas semanas suportando essas manias? Isso prejudicaria a amizade? Você encararia um mochilão para outro continente ao lado dessa pessoa? Eu encarei, e nessa série de posts vou contar como foi a experiência de planejar e viajar com o meu melhor amigo.
O primeiro passo da viagem
Após guardar dinheiro o suficiente para o meu mochilão pelo leste europeu, o medo de ir sozinho ainda me paralisava. Vinte e cinco dias em um novo continente, passando por sete países diferentes com um inglês que, até então, eu considerava ser enferrujado. Meu coração palpita só de lembrar da ansiedade.
Felizmente tenho um amante melhor amigo bastante experiente em viagens, o Jean, marido da Angie, que pilhou em me acompanhar por parte do percurso. Isso me deu a coragem e confiança necessária para dar aquele passo sem volta: Comprar a passagem aérea. Para quem não me conhece ainda, meu nome é Lucas de Luca e sou padrinho de casamento desse casal maravilhoso. Amo eles e inclusive estava junto quando se conheceram. O Jean é meu melhor amigo há mais de 10 anos e, tirando algumas viagens curtas, nunca havíamos viajado juntos.
Um erro que me tirou o sono
A minha experiência de viagem com o meu melhor amigo não poderia ter começado pior.
Mais ou menos duas semanas antes de pegarmos o avião, o Jean me sugeriu transferir todo o dinheiro que eu usaria na Europa para a conta europeia dele através do app Transferwise e, no final, eu sacaria o dinheiro por lá. Para quem não conhece, esse site é uma das formas mais baratas de levar dinheiro na viagem internacional, pois é possível conseguir uma taxa de conversão do Euro comercial ao invés do Euro turismo ( utilizadas nas casas de câmbio e que costuma dar 20 centavos de diferença).
“O que poderia dar errado?” Foi a pergunta que me fiz enquanto transferia todo o meu dinheiro para uma conta governamental alemã.
“Pera, transferia pra onde??”
Isso mesmo. Minha viagem com o meu melhor amigo se tornou um pesadelo antes mesmo de começar.
Antes de morar na Inglaterra, o Jean residiu na Alemanha e, ao invés me passar a conta bancária DELE, me passou por engano uma conta governamental alemã para a qual costumava depositar seus impostos. Fomos descobrir o erro apenas DIAS antes da viagem.
Imagine estar a alguns dias da sua viagem dos sonhos quando, por um descuido do seu melhor amigo, seus milhares de reais que você passou ANOS guardando somem como num passe de mágica. Naquela noite eu não dormi. Eu tremia numa mistura de tristeza, ansiedade e ódio. Apesar do erro, o meu ódio não era direcionado ao Jean, afinal não foi de propósito. Foi um erro, uma falta de atenção. Eu sinto vontade de esganar ele cada vez que lembro disso? Sim. Mas juro que naquele momento o meu ódio era com a VIDA.
Passamos os próximos dias tentando rastrear o dinheiro e, graças à um casal de amigos nossos que moram na Alemanha e entraram em contato com o banco em questão, conseguimos recuperá-lo.
O procedimento padrão do banco é rejeitar o depósito e retorná-lo para a conta de origem, ou seja, fazer caminho inverso. Entretanto, esse procedimento demora e me foi informado que o dinheiro chegaria na minha conta apenas APÓS a data do nosso embarque. O Jean se prontificou a pedir um empréstimo bancário para me ressarcir nesse meio tempo, mas, por privilégio, tenho um pai maravilhoso que me emprestou a quantia até que o valor retornasse. No final deu tudo certo. Mas puta que me pariu QUE STRESS INFERNAL DESNECESSÁRIO.
No fim, viajar com meu melhor amigo deu certo?
Sim! A experiência e companhia do Jean foi muito bem-vinda no aeroporto, principalmente pelo fato de eu nunca ter viajado de avião. Com a questão do dinheiro praticamente resolvida, consegui relaxar e aproveitar o início da jornada ao lado do meu melhor amigo, cuja presença é leve. Acho que é a melhor maneira de resumir ele como pessoa e a nossa amizade.
O Jean é bem humorado, conversa sobre tudo e é tão abobado quanto eu, talvez mais, o que é dizer bastante. Transformamos tudo em piada e dificilmente nos entediamos quando estamos juntos. Horas no aeroporto passam rápido ao lado de uma pessoa assim. Ao embarcar no avião em Campinas com destino à Paris, senti que estava em boa companhia.
Mas essa sensação se confirmaria? Nos próximos posts desta série contarei nossas histórias pela França, Romênia e Hungria! De jantares em Paris, passando pela máfia romena, rinite fodida no Airbnb em Bucareste, música gaudéria no Castelo do Drácula e um spa em Budapeste. Fiquem ligados nesta série!
O que achou dessa história “viajar com meu melhor amigo” do Lucas? Siga ele no Twitter (posta muita coisa boa e besteira também hahaa) e no Instagram!
Leia também o outro conto do Lucas Como um motorista de ônibus (quase) arruinou meu mochilão no Leste Europeu
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