Sim, existe morador de rua na Inglaterra e a maioria está em Londres, uma das cidades mais ricas e importantes do mundo. Muita gente acredita que todo mundo vive bem quando se fala em “primeiro mundo” mas isso não é verdade. Tem muita gente morando na rua, muito mais do que você imagina. É muito importante mostrar o outro lado da moeda de morar na Inglaterra, já que pouca gente fala sobre isso.
A previsão é de uma piora no número, já que muitas pessoas estão sendo demitidas e não há uma proteção efetiva contra despejos.
Neste artigo vou abordar estatísticas de pessoas em situação de rua, pessoas vulneráveis na Inglaterra, a quantidade de pessoas que moram na rua chamados de “rough sleepers” e o que é feito para evitar essa situação. Veja mais no vídeo!
Existe Morador de rua na Inglaterra?
Índice do Artigo
Segundo o site Shelter há mais de 320 mil pessoas sem teto na Inglaterra, 1 a cada 201 britânicos. Se for contar apenas em Londres, esse número é ainda maior sendo 1 a cada 59 habitantes (24% do total nacional). Esses são os números que eles tem registro no sistema, já que não tem como contabilizar quantos dormem na casa de familiares, amigos e ficam “surfando de sofá em sofá” ou dormindo dentro dos próprios carros.
Clique no vídeo abaixo para entender melhor sobre a situação de morador de rua na Inglaterra
A maioria destas pessoas já vem de famílias de baixa renda e com históricos de abuso, uso de drogas, doenças mentais ou estrangeiros que não conseguem emprego no país. É importante observar que os estrangeiros compõem apenas 20% do total de moradores de rua na Inglaterra, o resto são britânicos.
A média de idade dos sem teto na Inglaterra é de 45 anos para homens e 43 anos para mulheres e 5000 dormem na rua sendo que apenas 14% são mulheres. 18% do total já são conhecidos das autoridades, ou seja, em algum momento já ficaram em algum alburgue do governo ou foram apreendidos pela polícia. Ano passado morreram 726 pessoas em situação de rua na Inglaterra e País de Gales, um aumento de 22% comparado ao ano de 2018. Dados da Bigissue
Com a crise do coronavírus na Inglaterra e no mundo, estes números irão aumentar devido ao desemprego e também a falta de proteção aos moradores. A partir de 23 de agosto os proprietários podem iniciar o despejo de inquilinos que não conseguem pagar o aluguel. Durante a quarentena, era proibido despejar ou iniciar o aviso de 6 meses de antecedência.
Gastos do governo com morador de rua na Inglaterra
Um estudo concluiu que as ações para evitar que uma pessoa vire sem teto são mais baratas do que cuidar dessa pessoa depois. Estima-se que £1426 são necessárias para evitar isso, enquanto que £20128 são gastos após a pessoa se tornar moradora de rua. Nesse valor estão inclusos serviços de saúde física e mental, serviços da prefeitura e da justiça criminal. O país gasta por ano £1,15 bi com serviços do Council (da prefeitura) na construção de casas, funcionários e ajuda para essas pessoas.
Como funciona o sistema de casas do governo
Há uma lista de fatores que favorecem ou não a situação da pessoa para conseguir morar em uma das casas oferecidas pelo governo (Council House), sem necessidade de pagar aluguel.
É necessário que:
- a pessoa não tenha casa em nenhum lugar do país e no exterior
- não consegue ir para casa por causa do proprietário (landlord) que o expulsou
- é vítima de violência ou abuso
- a casa onde mora está superlotada sem condições próprias
- a casa está inabitável por causa de incêndio, enchente, etc.
Após ser registrado, a pessoa entra numa lista para ser indicado a uma casa. Dependendo da sua situação é até possível escolher a casa, porém se negar a primeira, você será colocado por último na lista.
Quem tem preferência na lista:
- grávidas
- famílias com crianças
- idosos
- pessoas com alguma deficiência intelectual ou física
Também existe o Universal Credit que é oferecido pelo governo em diversas situações e que ajuda a pagar o aluguel.
O sistema tem falhas
Uma dos maiores problemas de quem se torna morador de rua na Inglaterra é que esse sistema limita muito as possibilidades da pessoa. Muitas não se adequam às condições impostas para morar numa casa pois sofrem de problemas como alcoolismo, drogas e não estão em programas de recuperação. Várias pessoas não são aceitas nesta lista por causa de regras como “não beber” dentro da casa, mas não são incentivadas a participar de um programa de Alcoolicos Anônimos ou até conseguir um trabalho antes da casa por exemplo.
Dos 112 mil pedidos, apenas 58 mil foram aceitos em 2017 segundo o Homelessness
Um exemplo muito ruim foi a morte de um sem teto no Houses of Parliament, uma das áreas mais ricas de Londres. Ele não se adequou às regras.
Deportação de europeus
Também houve registro de deportação de outros europeus na qual a St. Mungo estava envolvida. Esta é uma das maiores instituições de ajuda do Reino Unido e que oferece 20% do auxílio nacional à pessoas sem moradia segundo o jornal The Guardian. Houve relatos de poloneses e ucranianos que foram enviados de volta contra a sua vontade e que estariam legais no país. Agora com a saída do Reino Unido da União Europeia, isso pode se tornar mais comum. Entenda como o Brexit afeta brasileiros.
Como poderiam melhorar o sistema na Inglaterra
Algumas sugestões poderiam ser usadas para melhorar o sistema de casas oferecidas pelo governo e até as taxas atuais para reduzir a quantidade de pessoas morando na rua como:
- maiores benefícios para viver e morar em cidades menores
- evitar despejos não confiáveis, duvidosos
- acabar com o imposto sobre quartos
- acabar com as leis que as autoridades locais não podem aceitar sem tetos sem conexão local
- culpar as vítimas de abuso que saíram de casa. Muitos acusam que elas se tornaram sem teto por “vontade própria e intencionalmente para receber ajuda do governo”
Espero que tenham gostado deste artigo sobre morador de rua na Inglaterra e que tenham percebido que nem todo lugar é perfeito. É muito bom saber sobre a realidade! Claro que os números são bem maiores no Brasil, mas é importante estar informado sobre o mundo.
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