Fala gurizada! Quem vai sanar as dúvidas hoje é a Deia Engelberg, uma mochileira de…mochila cheia! ahueahe Muita bagagem tem essa guria 🙂 Ela já fez vários mochilões e sempre viaja barato, muito couchsurfing e caronas. Veja as dicas do último mochilão na Europa que ela fez de 78 dias e 13 países e dicas de couchsurfing na Europa!
Couchsurfing na Europa: mochilão de 78 dias!
1 – Por que você decidiu fazer esse mochilão Europa?
Antes de ir a Europa eu já havia feito 4 grandes mochilões, sendo eles: 3 meses nos Estados Unidos, 7 meses na América do Sul, Central e Norte (Uruguai até o México) e 4 meses pelo sudeste da Ásia. Europa era com certeza inevitável e só não fui antes porque a vida foi me levando para outros lados primeiro. O meu objetivo é conhecer 60 países e Europa engloba 40% deles. Europa com certeza foi surpreendente e fascinante. Totalizei 41 países nesta viagem e já estou mais da metade do caminho para completar o meu objetivo 🙂
2 – Você demorou quanto tempo para preparar a viagem, economizar e fazer o roteiro?
Eu levei 1 ano para juntar o dinheiro e 1 mês para me preparar e planejar o roteiro. Eu tenho amigos da Europa que me indicaram alguns lugares que eu deveria visitar e eu inclui no roteiro. Eu tinha em mente visitar a Itália e a Croácia, eram os lugares que eu mais queria conhecer então eu planejei um roteiro que eu pudesse ligar os dois países sem precisar voar. Eu prefiro viajar por terra, seja de carona, bla bla car, onibus ou trem. Nesta viagem foram duas viagens em alto mar, o que é uma experiência ótima também.
Quando eu planejo um roteiro eu busco os lugares principais naquele país, eu não concordo em conhecer apenas as capitais, os países tem cidades muito importantes que se não forem vistas, a sua experiência terá sido incompleta.
3 – Quais países visitou e quantos dias levou?
Países que visitei: Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, República Tcheca, Áustria, Eslováquia, Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Itália e Cidade do Vaticano!
Mochilão na Europa em números:
- 78 dias,
- 13 países,
- 38 cidades,
- 135 horas na estrada,
- 26 anfitriões – Couchsurfing e amigos,
- 6 hostels,
- 16 trens,
- 15 carros (blá blá car / caronas),
- 14 ônibus e
- 2 Ferries.
4 – Como foi a sua adaptação com comida, transporte, idioma nesses países?
Eu posso afirmar que uma das coisas que viajar me mudou muito foi no hábito alimentar. Antes eu só comia o que eu gostava e o que eu achava que iria gostar, hoje provo quase de tudo. Talvez em algum lugar da América Central e Ásia tenha sido um pouco mais complicado, mas na Europa foi tranquilo comer, eles tem produtos de alta qualidade e receitas ótimas, a falta do arroz e feijão acontece em lugares que come-se muito pão.
Eu falo português, inglês e espanhol, comecei a aprender o básico do alemão e italiano, então foi tranquilo na Europa. Eu não passei pela França, mas até lá eu quero saber falar um pouco de francês pois eu sei que será difícil pedir informações ou me virar sem saber as palavras principais da língua.
Assim como na Alemanha, quando precisei me informar sobre o trem ou um endereço, eu precisei perguntar em alemão e deu certo. Na Itália senti muito a necessidade de falar italiano bem, já que a maioria não fala nada de inglês. Inclusive são muito parecido com os brasileiros, geralmente os mais jovens estão aprendendo inglês, mas quem é mais velho não se interessa.
5- Você optava por hostel ou couchsurfing na Europa?
Sempre dou prioridade ao Couchsurfing. Além de ser apaixonada por esse projeto, e ter hospedado muitas pessoas, eu adoro conhecer a maneira como as pessoas vivem. Eu pergunto desde quanto ela paga pra viver naquela cidade, a profissão dela, os planos dela…e assim posso aprender e até tirar alguma ideia para adaptar na minha vida. Além de claro, ter a chance de fazer uma amizade pra toda a vida e de repente ter um lugar pra voltar. Conexões são muito importantes na nossa vida e o hostel não te possibilita isso, claro que há exceções.
6 – Quais dicas você dá para alguém que está começando a fazer couchsurfing na Europa ou em qualquer lugar? O que você recomenda por no perfil e no pedido de couch?
Eu sempre recomendo começar ajudando primeiro. Se não for possível hospedar, por causa da sua localização, de morar com os pais ou simplesmente por não ter espaço, tente passear com os turistas ao redor da sua cidade. Há muitos eventos no Couchsurfing que você pode juntar-se aos locais e aos estrangeiros, fazer amizades e com o tempo ganhar referências. Com 20 referências você começa a ser uma pessoa um pouco mais confiável, aos olhos de pessoas que ainda tem receio de hospedar “estranhos”, que na verdade são amigos que ainda não conhecemos. E eu acredito que alcançando 100 referências você abre muito mais portas. É um caminho árduo mas vale a pena. Sem dizer que poderá ser hospedado por 50% das pessoas que você hospeda. Nem todas te receberão, nem todas vão te ajudar quando você for a cidade natal delas, não espere em troca, ajude por gostar de ajudar, não o faça apenas pelas referências e o retorno será natural. Não desista, é possível sim fazer couchsurfing na Europa!
Receba o mundo em sua casa e depois será recebido pelo mundo.
7 – O que você viu de mais bizarro durante a sua viagem?
Um dia, eu estava em Luxemburgo e precisava de uma informação da onde pegar o ônibus, eram 4 am e uma moça perguntou se eu precisava de ajuda. Ela me informou a direção e em seguida me disse que era uma moradora de rua e perguntou se eu podia comprar um croissant pra ela. Eu não sabia se meu ônibus já estava no ponto e ela falou pra mim que eu deveria ir pra não perder o ônibus, eu fui checar e vi que daria tempo, então eu voltei e entramos numa lanchonete para comprar o croissant. Eu perguntei o preço e ela me olhou como se estivesse me perturbando com aquele pedido e ela pediu desculpas e saiu da lanchonete quase correndo. Eu comprei e fui levar pra ela. O que foi bizarro pra mim, foi o fato dela ser tão educada e não querer incomodar. Foi o pedido mais bonito que eu tive de alguém que queria comer. Foi confuso e ao mesmo tempo tão delicado.
8- O que você mais gosta e odeia da vida de mochileira?
Eu adoro me sentir no controle da minha vida, de poder escolher pra onde vou e quanto tempo eu fico, de provar a culinária local, de conhecer gente nova, de pegar carona, de ser recebida como alguém da família por alguém que não me conhece, de decidir de último momento onde vou dormir, de inspirar pessoas a viajar. Por isso prefiro couchsurfing na Europa!
A vida de mochileira tem um lado triste pois você acaba se afastando da vida de sua família e amigos, acaba não acompanhando o crescimento de um bebê na família ou filho (a) de suas melhores amigas, acaba perdendo um momento importante na vida de alguém que gostaria da sua presença, mas você está na estrada, aprendendo, vivendo, refletindo, tendo saudades, querendo brincar com seus cachorros, mas depois que você começa a mochilar parece que você assume uma missão e ai a vida se torna perdas e ganhos.
Quem é de verdade, fica, te espera, te motiva. Mas muitos não vão entender, não vão concordar, talvez vão invejar a sua maneira de viver e vão criticar…pois assim dá pra se conformar.
9 – Você sofria algum tipo de preconceito por ser estrangeira?
Acredito que não. É impossível citar um país inteiro que seja preconceituoso com estrangeiros, isso varia de pessoa pra pessoa. Acredito que não é o fato de ser estrangeiro que faria alguém ter preconceito com você, mas outros fatores como racismo, condição social, sua origem. A sua aparência e comportamento vai contar, o que é triste, pois não é isso que nos define.
Teve uma vez que eu me senti um pouco triste, eu tinha viajado algumas horas e estava um pouco desarrumada e com a minha mochila nas costas. Eu estava na saída do metro, em Berlim, e precisava perguntar qual era a direção que eu tinha que seguir, pois haviam umas 7 ruas juntas, e eu estava escolhendo pra quem perguntar, quando vi um cara subindo as escadas e optei por perguntar a ele, ele colocou a mão na frente e fez uma cara como se eu fosse moradora de rua e fosse pedir esmola, mas eu segurava o meu celular e ia perguntar até em alemão, e ele me ignorou. Ele não estava com pressa, ele não quis me ajudar e isso naquela hora me cortou o coração rs.
10 – O que você recomenda para uma mulher que quer viajar sozinha?
Se quer sentir-se segura, leve um spray daqueles parecido com spray de pimenta, ou aquelas lanternas de choque. Eu levo e nunca precisei usar, mas só de ter isso na bolsa, me deu um pouco mais de segurança. Eu fiz aulas de defesa pessoal, então apesar de não ser tão boa nisso, me sinto mais segura. Veja algumas dicas sobre segurança e viajar sozinha!
Eu recomendo as mulheres que viajam sozinhas apenas afastar os pensamentos negativos porque a sua energia é tudo na sua vida. Se estiver bem, nada te afetará. Se não quiser levar nenhum desses itens, não tem problema, mas não se apegue a itens eletrônicos, porque se acontecer, precisará aceitar. Dinheiro vai e vem, coisas você pode comprar novamente, mas a sua vida é valiosa. Recomendo pra qualquer um, guardar dinheiros em lugares diferentes, porque se perder, perderá tudo de uma vez. E escolha bem o seu anfitrião couchsurfing na Europa!
11 – Quais lugares você se surpreendeu no mochilão na Europa? Superou expectativas?
Me surpreendi com a Eslovênia, pois apesar de ser uma país pequeno, é cheio de natureza, história e comida boa. É um país completo. Sem palavras pra Itália que é um lugar completo, TUDO do melhor e mais bonito, incluindo as pessoas.
A expectativa pra Europa sempre é grande, mas sim, superou as minhas expectativas, é um lugar incrível.
12- Qual a melhor lembrança que você tem desta experiência deste mochilão na Europa?
A melhor lembrança que eu tenho dessa experiência foram os jantares com as pessoas que me hospedaram, muitas das vezes elas que cozinharam pra mim, ou eu nosso famoso brigadeiro de sobremesa…mas foram jantares tão lindos. Uma pessoa dedicou o tempo dela, para estar com você, ali, dividindo um prato de comida com você, partilhando um pouco da vida dela, e é desses momentos que eu me lembro do quão linda foi essa viagem. Graças a essas pessoas maravilhosas, eu tive uma das melhores viagens da minha vida. Vale muito fazer couchsurfing na Europa!
Daí galera! Gostaram desse relato de mochilão e couchsurfing na Europa? Comente!
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